A previsão de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 acendeu um alerta no setor energético nacional. A afirmação partiu da Shell durante o Fórum Brasileiro de Petróleo e Gás Natural, evento que reuniu especialistas, empresas e representantes do governo em discussões sobre o futuro do setor. O Brasil, que nas últimas décadas conquistou protagonismo como produtor e exportador, pode perder esse status se os investimentos em exploração e produção não acompanharem a demanda crescente.
A projeção de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 está diretamente relacionada à queda nos investimentos e à lentidão nos processos de licenciamento ambiental. Com a demanda interna em alta e a produção estacionada ou em declínio, há risco de o país não conseguir atender às suas necessidades energéticas nos próximos anos. O cenário se agrava com a expansão da frota de veículos e o crescimento de setores industriais que ainda dependem fortemente de derivados de petróleo.
Se o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035, isso representaria um retrocesso nas conquistas obtidas com o pré-sal, uma das maiores descobertas globais de reservas nos últimos tempos. Desde a exploração dessas jazidas, o país tem garantido uma balança comercial mais equilibrada no setor energético. No entanto, segundo a Shell, a falta de novos projetos exploratórios, associada à burocracia e à insegurança regulatória, pode comprometer essa posição nos próximos dez anos.
Outro fator que contribui para o risco de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 é o descompasso entre a política ambiental e os objetivos econômicos. Embora a transição energética seja necessária, a substituição dos combustíveis fósseis não ocorre de forma imediata. O petróleo ainda será fundamental nas próximas décadas, especialmente em setores como aviação, transporte pesado e petroquímica. O país precisa equilibrar sua agenda ambiental com a realidade da sua matriz energética.
Além disso, o alerta de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 tem implicações geopolíticas. A dependência externa por fontes de energia pode fragilizar a soberania nacional, expor o país à volatilidade dos preços internacionais e gerar impactos negativos na inflação. Especialistas alertam que, sem autossuficiência energética, o Brasil perde poder de barganha e fica vulnerável a crises globais, como as provocadas por conflitos armados ou choques de oferta.
A previsão de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 também pressiona o governo a revisar sua política de incentivos. O setor defende a necessidade de mais leilões de blocos exploratórios, além da modernização da legislação que rege o licenciamento ambiental. Representantes da indústria alegam que há oportunidades inexploradas em regiões como a Margem Equatorial, mas que o atual ambiente regulatório dificulta avanços.
Mesmo com os esforços rumo à energia limpa, a constatação de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 serve como alerta para que a transição seja feita com planejamento e responsabilidade. O petróleo ainda representará parte essencial da matriz energética por anos, e a segurança no fornecimento é vital para o desenvolvimento econômico e social. Ignorar isso pode gerar prejuízos à indústria nacional, ao comércio exterior e ao consumidor final.
Diante desse cenário, o debate sobre a possibilidade de que o Brasil pode voltar a ser importador de petróleo até 2035 deve estar no centro das estratégias de planejamento energético. A busca pela sustentabilidade precisa caminhar ao lado da segurança energética, com investimentos consistentes, ambiente regulatório favorável e uma visão realista da transição. O país tem potencial para ser protagonista, mas para isso, precisa agir com urgência e visão de longo prazo.
Autor: Trimmor Waterwish