O tributarista Leonardo Manzan aponta que a função extrafiscal dos tributos tem ganhado relevância nos debates sobre desenvolvimento sustentável, sendo vista como um instrumento de transformação social. Nota-se que o uso estratégico da tributação pode incentivar práticas ambientalmente responsáveis e desestimular condutas prejudiciais ao meio ambiente. Nesse contexto, os tributos passam a ter uma função que vai além da arrecadação, tornando-se mecanismos de indução de comportamentos sustentáveis e alinhados ao interesse público.
A função extrafiscal dos tributos como ferramenta de política ambiental
A função extrafiscal dos tributos na indução de comportamentos sustentáveis está diretamente relacionada à capacidade do Estado de utilizar a tributação como forma de direcionar ações econômicas e sociais. Conforme frisa Leonardo Manzan, esse tipo de função visa modificar padrões de consumo e produção, promovendo benefícios indiretos à coletividade. Um exemplo é a concessão de incentivos fiscais para empresas que adotam fontes de energia limpa, reduzindo a carga tributária de quem contribui com a sustentabilidade.
Em adição a isso, a extrafiscalidade pode ser exercida por meio de sobretaxação de atividades poluentes, o que tende a desestimular a continuidade de práticas ambientalmente degradantes. Essa lógica contribui para um cenário em que o setor produtivo é compelido a investir em inovação, buscando alternativas menos impactantes ao meio ambiente. De acordo com Leonardo Manzan, essa abordagem gera um ciclo virtuoso de responsabilidade ambiental no ambiente empresarial.
Exemplos práticos da extrafiscalidade na sustentabilidade
A aplicação da função extrafiscal dos tributos na indução de comportamentos sustentáveis já apresenta resultados em diversos países. No Brasil, medidas como a isenção de IPI para veículos elétricos e a redução de ICMS para a geração distribuída de energia solar representam formas concretas de utilizar a tributação para fomentar ações sustentáveis. O Dr. Leonardo Manzan analisa que esses incentivos, embora ainda tímidos, revelam uma tendência de valorização das práticas ambientais pelo sistema tributário.

Do mesmo modo, a cobrança de tributos como a CIDE sobre combustíveis fósseis tem caráter extrafiscal, pois busca desestimular seu uso e financiar projetos de infraestrutura ambiental. A lógica por trás dessas iniciativas é equilibrar desenvolvimento econômico com responsabilidade ecológica, promovendo uma cultura de sustentabilidade fiscal e ambiental.
Desafios para a efetividade da função extrafiscal
Apesar dos avanços, o uso da função extrafiscal dos tributos na indução de comportamentos sustentáveis enfrenta entraves estruturais e políticos. A falta de uma legislação ambiental tributária robusta e a instabilidade normativa dificultam a consolidação de políticas públicas duradouras. Leonardo Manzan elucida que, para a extrafiscalidade atingir seu potencial, é necessário maior planejamento legislativo e segurança jurídica para contribuintes e investidores.
Outro desafio está na resistência de setores econômicos que se beneficiam de isenções sem contrapartidas ambientais, o que acaba distorcendo os efeitos pretendidos. Dessa forma, torna-se essencial que a concessão de benefícios fiscais esteja condicionada a critérios claros de impacto ambiental positivo, garantindo que a renúncia fiscal atue efetivamente em prol da sustentabilidade.
Caminhos para fortalecer a função extrafiscal na agenda sustentável
Para que a função extrafiscal dos tributos cumpra seu papel na indução de comportamentos sustentáveis, é imprescindível integrá-la à agenda de desenvolvimento econômico e social. O tributarista Leonardo Manzan comenta que a implementação de políticas tributárias verdes deve ser acompanhada de um esforço coordenado entre entes federativos e órgãos ambientais, a fim de garantir coerência e eficácia.
Ademais, a educação fiscal e ambiental precisa ser fortalecida, tanto na esfera empresarial quanto junto à sociedade civil. Somente com informação clara e incentivos bem estruturados será possível consolidar um sistema tributário que, além de arrecadar, também promova justiça ambiental e econômica. Com essa abordagem, o Brasil pode avançar rumo a um modelo mais sustentável e comprometido com as futuras gerações.
Autor: Trimmor Waterwish